Rogério Gabriel, fundador e CEO da MoveEdu
Foto: Divulgação.
Publicado originalmente no site da revista GEPN, em 27.10.2017
ROGÉRIO GABRIEL: "SONHE GRANDE E SIGA SEUS INSTINTOS,
MAS NÃO SE ESQUEÇA DAS FINANÇAS".
Fundador do Grupo Prepara e CEO da holding de educação
MoveEdu lança livro em que fala dos altos e baixos de sua trajetória
empreendedora.
Por
Adriano Lira
Rogério Gabriel, 52 anos, é um empreendedor de sucesso.
Fundou a MoveEdu, holding que reúne diversas escolas de educação e que fatura
R$ 600 milhões por ano. No entanto, a vida de Gabriel não foi feita apenas de
sucessos. Ele já conviveu com o fracasso e não tem vergonha de falar sobre
isso.
O empreendedor lançou “Do Chão ao Topo”, livro que fala
sobre os altos e baixos de sua carreira e traz ensinamentos para quem tem ou
deseja ter o próprio negócio.
Escrita por Gabriel e pelo jornalista Joaquim Castanheira, a
publicação traz detalhes do fracasso de sua primeira empresa, a Precisão
Informática, a criação da Prepara Cursos, o crescimento da escola e o
lançamento das redes Ensina Mais, English Talk e Pingu’s English.
O livro também traz detalhes sobre a criação da MoveEdu,
surgida após a aquisição das redes Microlins, People e SOS. Além disso, Gabriel
traz ensinamentos para empreendedores. “É importante sonhar grande e seguir
seus instintos, mas não se esqueça das finanças”, afirma.
Em entrevista a Pequenas Empresas & Grandes Negócios,
Gabriel fala sobre o processo de produção do livro, dá alguns detalhes de sua
trajetória empreendedora e compartilha ensinamentos com os empreendedores.
Confira:
Rogério, o que levou você escrever o livro?
O desejo de inspirar outros empreendedores. Quis dividir um
pouco das nossa trajetória, mostrando os bons e maus bocados que passamos.
Acredito que o compartilhamento do aprendizado pode contribuir para o sucesso
dos empreendedores e quero fazer isso por meio do meu livro. Tanto quero ajudar
que vou doar todo o lucro do livro à Endeavor.
Como foi o processo de criação?
Em 2014, a minha história tinha sido contada no livro “Vai
que Dá”, da Endeavor [A publicação abordou a trajetória de 10 empreendedores
brasileiros], também escrita pelo Joaquim Castanheira. No mesmo ano, percebi
que seria bacana compartilhar a minha história num livro próprio.
Começamos a escrever, capítulo por capítulo. A meta era
falar sobre o fracasso de meu primeiro negócio, a criação da Prepara Cursos, o
crescimento da rede e o surgimento dos outros negócios do grupo. No entanto,
surgiu a oportunidade de fazer a aquisição da Microlins, da People e da SOS.
Com isso, decidimos falar também sobre esse processo de
compra. Percebo que as fusões em aquisições são comumente deixados de lado
pelos empreendedores e que é interessante trazer detalhes deste tipo de
operação.
Seu primeiro negócio foi à falência. O que aconteceu?
Em 1990, abrimos a Precisão Informática. Eu me inspirei nas
megalojas de eletrônicos dos Estados Unidos. Quis trazer este conceito para cá.
Além disso, tínhamos uma frente voltada à educação, com treinamentos em
informática para clientes corporativos.
Chegamos a ter 10 lojas. No entanto, no passar dos anos, os
eletrônicos foram se tornando quase que uma commodity no Brasil. Havia inúmeros
negócios vendendo esses produtos, o que foi diminuindo as vendas e as margens.
Além disso, não tínhamos um controle financeiro rígido. Eu buscava a realização
dos meus sonhos, fazer o impossível, mas não olhava para o caixa. Quando
percebi, a situação da empresa estava muito complicada e estava repleto de
dívidas.
Apesar de quebrar, você decidiu continuar empreendendo? Por
quê?
Eu confesso que, quando estávamos nessa situação
fragilizada, eu cheguei a parar na frente do computador e começar a montar o
meu currículo. Tenho boa formação, tenho curso superior. Teria chances no
mercado de trabalho. Mas quando estava na metade da elaboração do currículo,
parei, olhei para cima e me senti infeliz.
Decidi que, apesar de tudo, eu queria empreender. Apesar das
dívidas, decidi arriscar um pouco mais e tentar me reerguer.
E por que a escolha do mercado de cursos?
Nós já dávamos treinamentos a empresas na Precisão. Tínhamos
uma metodologia com foco no ataque aos problemas dos clientes, que gostavam do
que viam. Decidi investir nesse mercado, mas não trabalhando com empresas, mas
com pessoas físicas, no varejo.
Em 2004, começamos a converter algumas unidades da Precisão
em escolas. A ideia foi fazendo sucesso – os clientes gostavam da nossa
aplicação prática. Também apostamos em uma relação individualizada entre
professores e alunos que foi interessante.
Dois anos e meio depois, já tínhamos sete unidades do
Prepara.
A partir daí, a situação melhorou bastante, certo?
Sim. Fui pagando as dívidas do outro negócio e começando uma
retomada. A Prepara cresceu bastante. Posteriormente, abrimos outros negócios:
a Ensina Mais, de reforço escolar, que hoje se chama Ensina Mais Turma da
Mônica; e English Talk e Pingu’s English, de ensino de idiomas. Neste ano,
finalmente, fizemos as aquisições de Microlins, SOS e People e mudamos o nome
da nossa holding: antes, ela se chamava Grupo Prepara; agora, se chama MoveEdu.
Você poderia explicar melhor essa relação entre Ensina Mais
e Turma da Mônica?
A nossa relação começou em 2012. Na época, a ideia era criar
campanhas usando a Turma da Mônica para promover a Ensina Mais. No entanto, em
uma reunião com Mauricio de Sousa, o criador da série, teve a ideia de criar
uma escola da Turma da Mônica.
Na ocasião, achamos que não era o melhor momento para darmos
esse passo. Mas mantemos contato. Anos depois, fechamos a parceria e mudamos o
nome do negócio para Ensina Mais Turma da Mônica no começo deste ano.
Rogério, hoje você tem um negócio que fatura centenas de
milhões de reais. O que te motiva a continuar empreendendo em vez de ir
descansar ou fazer outra coisa?
O que me motiva muito é o propósito, o prazer de influenciar
positivamente a vida das pessoas. Eu costumo dizer que ajudar uma pessoa já é
bom. Então imagine contribuir para o progresso de meio milhão de estudantes? É
isso que acontece quando se empreende em um mercado como o da educação. Gerar
riquezas e formar pessoas melhores me dá mais felicidade do que qualquer outra
coisa que eu pudesse fazer.
Depois de décadas de empreendedorismo, momentos bons e
ruins, que ensinamentos você daria para um empreendedor iniciante?
No livro, eu falo de sete ensinamentos. Vou falar aqui de
três deles. O primeiro é cuidar do caixa. Fracassei por não ter o controle das
finanças. Mas apesar disso, é importante sonhar alto e ter instinto. Esses dois
últimos valores são essenciais para um empreendedor que deseja ir longe.
Texto e imagens reproduzidos do site: revistapegn.globo.com
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