segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

Morre aos 87 anos o empresário Abilio Diniz

Publicação compartilhada do site da revista EXAME, de 18 de fevereiro de 2024 

Morre aos 87 anos o empresário Abilio Diniz

Protagonista do varejo nas últimas décadas, o empresário é recordista de capas da EXAME

Por Karina Souza

“Eu quero ser hoje melhor do que eu era ontem e amanhã vou querer ser melhor do que sou hoje. Isso requer aprendizado contínuo, uma forma de a gente consiga caminhar em direção ao maior objetivo da vida, que é ser feliz”. A frase foi dita por Abilio Diniz em uma de suas últimas entrevistas à EXAME, há cerca de dois anos, e serve como um guia para entender a mente de um dos empresários mais admirados do Brasil.

Abilio morreu neste domingo, 18, em decorrência de uma insuficiência respiratória por pneumunite. O empresário estava hospitalizado há algumas semanas. Ele começou a passar mal em Aspen e teve de voltar às pressas ao Brasil num avião com uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

“O empresário deixa cinco filhos, esposa, netos e bisnetos, e irá ao encontro do seu filho João Paulo, falecido em 2022. Desde já, a família agradece a todas as mensagens de apoio e carinho”, diz a nota enviada pela família.

Abilio não fazia parte do showbiz da forma tradicional, mas se tornou uma celebridade ao misturar a própria trajetória de vida com a história do varejo no Brasil. Da primeira loja do Pão de Açúcar à Península Investimentos — sem jamais se afastar do setor que ajudou a consolidar —, o empresário construiu uma das maiores fortunas do país aos olhos do público nacional. Com uma fortuna de US$ 2 bilhões, segundo a Forbes, Abilio ocupava o 1526º lugar no ranking mundial.

Quem foi Abílio Diniz?

Abilio Diniz nasceu em 28 de dezembro de 1936. O primeiro dos seis filhos de Floripes Pires e de Valentim Diniz. Se formou em 1956 pela Escola de Administração de Empresas da FGV e, ao terminar a graduação, aceitou a proposta de seu pai para começar a trabalhar em um novo empreendimento da família, o Supermercado Pão de Açúcar.

Antes disso, Valentim havia fundado a Doceria Pão de Açúcar, inaugurada em 1948 e na qual Abílio havia trabalhado desde menino. Por isso, principalmente, Abílio recusava o título de fundador do Pão de Açúcar, sem jamais tirar de si o mérito da expansão do grupo. No fim dos anos 1950, nascia a primeira loja do mercado, na Av. Brigadeiro Luiz Antônio, em São Paulo.

Não foi uma decisão tomada de bate-pronto. Depois de se formar em administração, Diniz queria fazer uma pós-graduação em Michigan e ser professor. Tocar a padaria de seu pai era pouco perto de suas ambições. Então, o pai apresentou-lhe as redes Peg-Pag e Sirva-se, primeiros supermercados do país — algo que conquistou Abílio de cara. “Aquilo virou minha cabeça. Percebi que daquele jeito seria possível fazer uma empresa grande”, disse.

Pioneiro

Logo no começo, o apetite para o pioneirismo já havia ficado claro. Nos anos 1960 e 1970, o Pão de Açúcar acumulou uma série de “primeiras vezes”. Foi a primeira rede do setor a ter uma loja em Shopping Center, a ter uma farmácia dentro do estabelecimento e a funcionar 24 horas.

Também nesse período, Abilio trouxe para o Brasil o conceito de hipermercados por meio da bandeira Jumbo, um empreendimento que copiava o modelo do Carrefour, cuja ideia veio depois de uma viagem do empresário à Europa de olho em tendências do setor. Depois disso, adquiriu ainda as duas pioneiras Peg-Pag e Sirva-se.

Todos os avanços vêm recheados de desafios e, para Abilio, uma boa parte deles parece ter se concentrado nos anos 1980. Nessa década, se afastou dos negócios por desentendimentos familiares, regressando perto dos anos 1990, tendo de reerguer o negócio depois do Plano Collor. Foi nessa época que surgiu o mantra “corte, concentre e simplifique”, de olho em recuperar os negócios.

Na época, Abílio cortou dezenas de diretores. O número de funcionários caiu de 45 mil em 1990 para 17 mil em 1991. A frota de carros, benefício dos executivos, foi vendida. O número de lojas foi de 626 para 262.

“Sofri muito com a empresa familiar. Há sempre uma tendência de misturar os assuntos corporativos com os de casa, o que atrapalha o andamento da companhia”, afirmou à EXAME em 2011. A relação ficou estremecida principalmente depois que o pai de Abílio, Valentim, dividiu o grupo Pão de Açúcar e deixou a maior parte das ações com o filho.

Na mesma década, também acontecia um evento que marcaria a vida de Abilio para sempre. Em 1989, no meio das dificuldades pelas quais o negócio passava, o executivo foi sequestrado e passou seis dias em um cativeiro na zona sul da capital paulista.

O executivo já tinha certa visibilidade na mídia, mas por lutar artes marciais e por saber atirar, julgava que estava protegido. “Ele se sentia humilhado, amedrontado e furioso por não ter sido capaz de se defender”, conta a autora Cristiane Correa no livro “Abilio: determinado, ambicioso, polêmico”. Depois de 36 horas de negociação, o empresário foi libertado. Tomou banho, dormiu com a ajuda de remédios e foi trabalhar no dia seguinte.

IPO do Pão de Açúcar

Em 1995, Abilio foi peça fundamental para a abertura de capital do Grupo Pão de Açúcar e, em 1997, passou a negociar as ações da empresa em Nova York, marcando mais uma vez a trajetória de pioneirismo. Foi a primeira empresa de controle 100% nacional a fazer uma emissão global de ações.

Os anos seguintes foram marcados pelo crescimento vertiginoso da companhia e pelo apetite de Abilio por aquisições. Sem esquecer de seu jeito intempestivo. Em 2006, o executivo negociou a compra do Atacadão, rede de atacarejo voltada às classes C e D. Mesmo com o faturamento na casa do bilhão, a diretoria do GPA não aprovou — e ele comprou pouco tempo depois a rede Assaí.

Ainda no apetite por consolidação, três anos depois, Abilio comprou a Casas Bahia e o Ponto Frio, formando a maior rede de eletroeletrônicos do Brasil. A aquisição foi feita em bons termos, mas a família Klein se arrependeu do contrato, numa briga que só acabou quando Abilio saiu da empresa.

Sucessão do poder

Na década de 2010, Abilio travou uma das maiores batalhas de sua vida: a tomada do poder do Pão de Açúcar pelo grupo francês Casino. Emocionalmente e financeiramente: a briga custou cerca de 500 milhões de reais aos sócios, segundo o livro Abilio - Determinado, Ambicioso, Polêmico, da autora Cristiane Correa.

A relação entre Casino e Diniz começou em 1999, quando o grupo comprou 24,5% do Pão de Açúcar por 854 milhões de dólares. A entrada dos recursos veio por uma necessidade de injeção de capital na companhia, levantada por Abilio (antes do Casino, a Galeazzi já havia sido uma fonte de recursos).

Em 2005, o grupo francês aumentou sua participação na empresa brasileira e firmou um contrato que previa que Abilio deveria deixar o controle total em 2012. O empresário brasileiro se arrependeu, na data, mesmo já com mais de 70 anos, e tentou costurar uma fusão de três: Carrefour, Casino e Pão de Açúcar. A tentativa falhou – e foi interpretada como uma forma de Abilio tentar descumprir o acordo. Além disso, Abilio chegou a propor a troca de ações do Pão de Açúcar para ações da Rallye, controladora do Casino, o que também não foi aceito.

Do lado do Casino, o principal argumento era o contrato assinado e, do lado de Abilio, o ponto principal era a necessidade de crescimento do GPA que contrastava com o endividamento do grupo francês. O imbróglio jurídico se arrastou até 2013, quando um mediador de conflitos internacionais interveio e, enfim, o Casino tomou o controle do negócio.

Por todos os anos seguintes, Abilio manteve o portfólio de lojas que havia comprado na pessoa física, em aluguéis que foram pagos até hoje. Com o poder tomado pelo Casino — e sua fortuna transformada em liquidez —, o executivo se dedicou cada vez mais à Península Participações, veículo de investimentos da família, e à participação no conselho de diferentes empresas.

Visão do futuro

Desde quando o grupo francês assumiu, Abilio fez uma série de previsões que se mostraram verdadeiras. Há mais de dez anos, já chamava a atenção do empresário o nível de endividamento da holding de Jean Charles Naouri, bem como o apetite do Casino por desmantelar o Grupo Pão de Açúcar. Ao longo do tempo, diferentes negócios foram realmente vendidos, com o último exemplo mais recente sendo a venda da rede colombiana de supermercados Éxito.

Desde que a briga com o Casino foi encerrada, Abilio mostrou vigor de sobra para lidar com os negócios e com a vida em geral. Se havia alguém capaz de viver a máxima de “um corpo são é uma mente sã” esse alguém era Abilio Diniz.

O gosto pela atividade física começou aos 11 anos, quando começou a praticar defesa pessoal para se livrar de colegas que o julgavam impopular. Na adolescência, aprendeu judô, boxe e capoeira, sem esquecer da musculação e do futebol. Em uma matéria publicada pela EXAME há quase dez anos, o empresário mostrava que conseguia correr para trás em uma esteira, no escuro, aos 77 anos de idade.

“Tenho de acreditar que sou eterno”, afirmou Diniz, à época. “Mesmo com certo declínio em termos físicos – um pouco menos de força, um pouco menos de tonicidade muscular –, estou ganhando muito em termos de experiência. Estou obtendo a sabedoria da idade sem os problemas do envelhecimento”.

Com vigor de sobra, Abilio, desde que saiu do GPA, iniciou uma série de novas empreitadas profissionais. Uma delas foi a BRF, empresa de que se tornou investidor e conselheiro. Além disso, investiu tempo e dinheiro na Península Participações e, por fim, chegou ao Carrefour – fincando os pés no varejo novamente. “Agora, lugar de gente feliz é aqui”, afirmou, em 2014. Em 2017, o veículo de investimento do empresário aumentou a participação no Carrefour Brasil para 12%, podendo chegar ao limite de 16%, além de conseguir uma participação na matriz da empresa.

Na década seguinte, mais desafios pessoais. Em 2022, Abilio perdeu um de seus seis filhos, João Paulo Diniz, que morreu em decorrência de um infarto.

“Eu nunca pensei que pudesse existir uma dor tão grande e terrível na vida como essa que estou sentindo. Mas, na medida em que os dias vão passando, eu vou ficando em paz. Eu sempre digo que a minha maior força é a fé que tenho em Deus. E isso não mudou”, escreveu Abilio poucos dias depois da morte do filho.

Abilio permaneceu sendo uma personalidade midiática. Além de manter um blog sobre esportes no portal UOL, foi contratado em 2022 para comandar o programa de entrevistas Olhares Brasileiros, na CNN Brasil.

Abilio deixa cinco filhos: Ana Maria, Adriana e Pedro Paulo, do primeiro casamento com Maria Auriluce Falleiros, e Rafaela e Miguel, do segundo casamento com a economista Geyze Marchesi.

---------------------------------

Karina Souza (Repórter Exame in) - Formada pela Universidade Anhembi Morumbi e pós-graduada pela Saint Paul, é repórter do Exame IN desde abril de 2022 e está na Exame desde 2020. Antes disso, passou por grandes agências de comunicação.

Texto e imagem reproduzidos do site: exame com

Abilio Diniz: otimista inveterado, empresário deixa legado...

Publicação compartilhada do site da revista EXAME, de 18 de fevereiro de 2024

Exclusivo - Memória

Abilio Diniz: otimista inveterado, empresário deixa legado de busca constante pela excelência

Na última entrevista concedida à EXAME, Abilio Diniz se coloca como um otimista: “sou orgulhoso do país onde nasci e pretendo continuar assim até o fim dos meus dias”

Por Ivan Padilla

Em uma tarde de agosto de 2023, Abilio Diniz chegou mancando, com dores, na redação da EXAME. Ele tinha uma delicada cirurgia no joelho direito marcada para dali a poucos dias. Diniz abriu esse espaço em sua disputada agenda por um motivo nobre: participar de um vídeo com os maiores empresários brasileiros em homenagem ao prêmio Melhores e Maiores, que estava completando 50 anos.

Abilio morreu em decorrência de uma insuficiência respiratória por pneumunite. O empresário estava hospitalizado há algumas semanas. Ele começou a passar mal em Aspen e teve de voltar às pressas ao Brasil num avião com uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Diniz era figura obrigatória no vídeo, por sua extensa carreira no empresariado e por uma razão estatística: é dele o recorde de capas da EXAME. Das 1260 edições impressas desde julho de 1967, ele foi destaque em 13. “EXAME sempre foi a principal revista de negócios do Brasil. É muito importante para mim ser o recordista de capas da publicação.”

Diniz contou na conversa que, em toda sua vida, buscou ser sempre o melhor. “Ser o maior pode ser consequência”, diz. O empresário se considera um otimista. “Sou orgulhoso do país onde nasci e pretendo continuar assim até o fim dos meus dias”, afirma. Confira a entrevista abaixo.

Quem foi Abílio Diniz?

Abilio Diniz nasceu em 28 de dezembro de 1936. O primeiro dos seis filhos de Floripes Pires e de Valentim Diniz. Se formou em 1956 pela Escola de Administração de Empresas da FGV e, ao terminar a graduação, aceitou a proposta de seu pai para começar a trabalhar em um novo empreendimento da família, o Supermercado Pão de Açúcar.

Antes disso, Valentim havia fundado a Doceria Pão de Açúcar, inaugurada em 1948 e na qual Abílio havia trabalhado desde menino. Por isso, principalmente, Abílio recusava o título de fundador do Pão de Açúcar, sem jamais tirar de si o mérito da expansão do grupo. No fim dos anos 1950, nascia a primeira loja do mercado, na Av. Brigadeiro Luiz Antônio, em São Paulo.

Não foi uma decisão tomada de bate-pronto. Depois de se formar em administração, Diniz queria fazer uma pós-graduação em Michigan e ser professor. Tocar a padaria de seu pai era pouco perto de suas ambições. Então, o pai apresentou-lhe as redes Peg-Pag e Sirva-se, primeiros supermercados do país — algo que conquistou Abílio de cara. “Aquilo virou minha cabeça. Percebi que daquele jeito seria possível fazer uma empresa grande”, disse.

---------------------------------

Ivan Padilla (Editor de casual e especiais) - Graduado em jornalismo pela PUC e pós-graduado em relações internacionais pela Universitat Autonòoma de Barcelona. Foi repórter especial da Época, editor executivo da Época Negócios, redator chefe da GQ Brasil e diretor de redação da VIP.

Texto, imagem e vídeo no youtube reproduzidos do site: exame com

segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

'Realmente NÃO SEI...', por Antonio Ermírio de Moraes

Foto: arquivo Brasil Engenharia

Post compartilhado do Perfil do Facebook/Ricardo Mello, de 10 de janeiro de 2024

PRA SE PENSAR!

Realmente NÃO SEI...

Por Antonio Ermírio de Moraes*

Se você ainda não sabe qual é a sua verdadeira vocação, imagine a seguinte cena: Você está olhando pela janela, não há nada de especial no céu, somente algumas nuvens aqui e ali. Aí chega alguém que também não tem nada para fazer e pergunta: Será que vai chover hoje?

Se você responder "com certeza"… a sua área é Vendas: O pessoal de Vendas é o único que sempre tem certeza de tudo.

Se a resposta for "sei lá, estou pensando em outra coisa"… então a sua área é Marketing: O pessoal de Marketing está sempre pensando no que os outros não estão pensando.

Se você responder "sim, há uma boa probabilidade"… você é da área de Engenharia: O pessoal da Engenharia está sempre disposto a transformar o universo em números.

Se a resposta for "depende"… você nasceu para Recursos Humanos: Uma área em que qualquer fato sempre estará na dependência de outros fatos.

Se você responder "ah, a meteorologia diz que não"… você é da área de Contabilidade: O pessoal da Contabilidade sempre confia mais nos dados no que nos próprios olhos.

Se a resposta for "sei lá, mas por via das dúvidas eu trouxe um guarda-chuvas": Então seu lugar é na área Financeira que deve estar sempre bem preparada para qualquer virada de tempo.

Agora, se você responder "não sei"… há uma boa chance que você tenha uma carreira de sucesso e acabe chegando a diretoria da empresa.

De cada 100 pessoas, só uma tem a coragem de responder "não sei" quando não sabe. Os outros 99 sempre acham que precisam ter uma resposta pronta, seja ela qual for, para qualquer situação.

"Não sei" é sempre uma resposta que economiza o tempo de todo mundo e predispõe os envolvidos a conseguir dados mais concretos antes de tomar uma decisão.

Parece simples, mas responder "não sei" é uma das coisas mais difíceis de se aprender na vida corporativa.

Por quê?

Eu sinceramente "não sei", por Antonio Ermírio de Moraes (*grande empresário brasileiro, já falecido)

Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Ricardo Mello

terça-feira, 2 de maio de 2023

O futuro chega em 1, 2, web3

Artigo compartilhado do BLOG DO ORLANDO TAMBOSI, de 1 de maio de 2023

O futuro chega em 1, 2, web3.

A web3 expande conceitos como o metaverso, criptomoedas ou NFT (Non Fungible Tokens) e é a porta de entrada para um admirável mundo novo de desafios na atração e retenção de talento para as organizações. Stefan Grasmann para o Observador:

O trabalho como o conhecemos hoje está em rápida transformação e a web3 é um dos fatores que maiores mudanças vai operar em diferentes setores. São as empresas que mais rápido se adaptam que melhores resultados vão ter: afinal, quem quer ficar no passado quando o trabalho do futuro se escreve à sua frente?

Descrita como pelo pai da internet, Tim Berners-Lee, como a “web da semântica”, mais autónoma, aberta e inteligente, a web3 é a caixinha de pandora que expande conceitos como o metaverso, criptomoedas ou NFT (Non Fungible Tokens). Mas é também a porta de entrada para um admirável mundo novo de desafios na atração e retenção de talento para todas as organizações, sobretudo nas multinacionais cujas fronteiras físicas se esbatem cada vez mais por influência de novos modelos de trabalho.

Neste cenário, surgem diferentes oportunidades a explorar, tanto a nível da empresa como de cada profissional, contribuindo para que as empresas se tornem mais competitivas nesta procura pelos melhores especialistas – o que, em áreas com elevada escassez de talento como as TI, se revela essencial.

Naturalmente, vão surgir novos modelos de trabalho, possibilitados por ferramentas digitais e novas tecnologias – aliás, segundo o estudo Microsoft Work Trend Index de 2022, 51% da geração Z e 48% dos millenials já prevê fazer parte do seu trabalho no metaverso nos próximos dois anos. Se as organizações querem continuar a crescer, é imperativo encontrarem o seu caminho neste novo mundo. Por este motivo, é importante que os especialistas avaliem com atenção os diferentes cenários para o seu futuro, enquanto as empresas compreendem e definem o seu percurso para evoluir.

Uma das oportunidades de inovaçãpo está o desenvolvimento das Decentralized Autonomous Organizations (DAO), ou Organizações Autónomas Descentralizadas. Embora o nome desvende o âmago destas empresas, há diferenças ainda mais profundas relativamente às organizações tradicionais: enquanto estas se costumam organizar em torno de uma única entidade, as DAO tentam criar um ecossistema completo com diferentes stakeholders e alinhar os seus interesses com a sua economia de tokens. Formam uma “economia de stakeholders”, onde cada pessoa traz valor ao resultado final. Neste aspeto, o modelo DAO poderá ter melhores resultados do que os modelos de shareholders mais tradicionais, mas só o futuro dirá que modelo terá maior sucesso.

Ao mesmo tempo, é importante que os especialistas avaliem com atenção os diferentes cenários para o seu futuro, enquanto as empresas compreendem e definem o seu percurso para evoluir e acolher estas tendências e exigências. O valor das organizações estará na forma como acolhem e oferecem ao seu talento a oportunidade de fazer parte destas novas tecnologias, numa organização sólida onde podem criar o futuro todos os dias.

Ainda estamos no início desta transformação, mas é importante que as empresas se adaptem, testem e criem o seu próprio caminho. É fundamental continuar a apresentar ideias “frescas” e a inovar na forma como se trabalha. Como sabemos, existem riscos e desafios no estágio embrionário em que o modelo DAO está. Mas existem muitos aspetos positivos: podemos aprender muito com as DAO e com a forma como estas interagem com a sua comunidade, funcionando de forma muito diferente das empresas já existentes.

Acreditamos que diferentes modelos organizacionais vão aprender de forma interligada com o exemplo uns dos outros, convergindo num único por fim. As aprendizagens de ambos os lados serão, sem dúvida, uma grande ajuda para a nossa transformação no futuro. Os padrões tradicionais vão ser cada vez mais questionados na nova lógica de cooperação possibilitada pela web3 e marcada pela disrupção e novidade crescente.

Texto e imagem reproduzidos do blog: otambosi.blogspot.com

domingo, 30 de abril de 2023

Draft ENTREVISTA Rachel Horta

Publicação compartilhada do site PROJETO DRAFT, de 27 de abril de 2023 

“Precisamos ter visão crítica e desenvolver em nós o que é insubstituível. Porque a tecnologia muda, a escala muda, os negócios mudam”

Por Marina Audi 

Rachel Horta, fundada da Maisha Ventures.

Falar sobre novas tecnologias não é apenas para especialistas no assunto. 

Quem diz é Rachel Horta, 49, empreendedora com formação em publicidade que já fundou e vendeu uma agência de publicidade (Tom Comunicação), outra empresa de pesquisa e consultoria em mídia digital (a Mapa Digital, que lançou uma das primeiras plataformas de monitoramento de redes sociais no país), e uma terceira empresa de tecnologia focada em Big Data, Inteligência Artificial e Machine Learning – a Hekima. 

Esta última foi comprada pelo iFood em janeiro de 2020, com o objetivo explícito de incorporar o time altamente especializado que Rachel liderou por dez anos como CEO. Entre os nove sócios da Hekima, oito tinham habilidades técnicas em computação. Rachel era a única que não programava, mesmo assim, nunca se permitiu ficar para trás em termos de conhecimentos: 

“Eu nunca ‘codei’ na minha vida, mas eu entendia os conceitos e os preceitos que estavam por trás. Quando eu sentava com o time, eu sabia encomendar e criticar um projeto”

Depois de orquestrar a venda da Hekima, Rachel teve mais tempo livre para mentorar formalmente outras pessoas e pensar a Maisha – empresa-projeto que nasceu como braço de investimento-anjo em startups. Por meio da Maisha Ventures, a empreendedora aportou recursos nas healthtechs Bloom Care e Huna.ai; nas femtechs Fertilid e OyaCare; na Stoque de automação digital; e no ecossistema de bem-estar Holistix.

Este ano, a Maisha – nome que na língua suaíli significa vida – ganha um site, novo branding e um segundo núcleo, a Maisha Insights. Por esse braço de educação, Rachel se propõe a mentorar e letrar líderes de grandes corporações em como estar no mundo de hoje, de transformação digital aceleradíssima.

“Não é apenas uma questão de aprender, mas sim de elaborar a enorme quantidade de coisas e acontecimentos para que você melhore a sua tomada de decisão e seja capaz de ter uma visão mais crítica”, afirma.

Na conversa com o Draft, Rachel Horta falou das inúmeras vezes em que se permitiu “morrer” para renascer profissionalmente, comentou sobre o status da IA neste momento em que o ChatGPT é assunto em mesas de bares e, claro, abordou sua fase atual. 

Você se define como publicitária por formação e empreendedora por paixão. Quando e em que circunstância começou essa paixão?

Os meus pais foram empreendedores. Meu pai era engenheiro de formação, mas sempre teve o próprio negócio. Minha mãe, que era dona de casa e depois se tornou paisagista, também acabou empreendendo. Em determinado momento, minha mãe até chegou a trabalhar na empresa do meu pai. 

Então, eu sempre vivi os desafios do dia a dia de empreender numa época em que não existia nem essa definição da palavra. O que era empreender? Era pensar em como fazer o negócio acontecer 24 horas por dia 

Eu sou a mais nova de três irmãos – tenho uma irmã e um irmão, ambos engenheiros – e a gente participava, pensava em negócios, em buscar soluções, vivenciava esse desafio do empreender, em que você não desliga em nenhum momento da sua vida.

Na minha família tem muitos engenheiros e muitos médicos. Esses dois universos sempre estiveram muito conectados a mim e sempre falei que faria medicina. Mas num determinado momento eu disse que não queria isso. 

E como todo mundo, aos 17 anos, me vi um pouco perdida naquele momento e tentei unificar a engenharia com a criatividade. Sempre fui uma pessoa criativa, dancei balé clássico – me formei na Royal Ballet –, criei a minha forma de aprender, eu tinha a minha forma de dar vazão para as minhas ideias.

Eu fui para arquitetura. Claro que deu errado. Em um ano de curso, entendi que aquilo não era pra mim. Eu não me via atrás de uma prancheta. Sou a pessoa de assumir, de liderar. Eu me enxergava com um facão na mão, abrindo caminho na floresta. Sempre fui a pessoa que experimentava o novo e testava possibilidades 

Quando larguei a arquitetura, me lembro de meu pai falar para mim: “Minha filha, tudo bem, eu acho que você está na hora de experimentar”. Então, sempre tive essa oportunidade dentro de casa também. E aí um amigo me convidou pra fazer um estágio numa agência de publicidade. 

Antes de entrar na faculdade, já comecei a trabalhar e passei por todas as áreas da agência – criação, mídia, produção que era desenho à mão. Ali, entendi que o que eu gostava de fazer era desenvolver negócios junto com os clientes. Nunca mais parei.

Passei anos trabalhando com publicidade, em departamento de marketing. Até que fundei, ao lado de outros três sócios, uma agência de publicidade que ainda existe e, hoje, é uma das maiores de Minas Gerais – a Tom Comunicação. Mas sempre conectada com a área de estratégia e desenvolvimento de negócios. 

No rol de suas paixões foi incluído mais recentemente – desde 2020, com a Maisha Ventures – a faceta de investidora-anjo em startups…

Acho que um pouco antes do “investir” veio a minha paixão por mentorar pessoas… talvez porque eu não tenha tido muitos mentores ao longo da vida, afinal nem era muito comum. 

Eu até tive isso com o professor Ivan Moura Campos [um dos fundadores da Akwan, a primeira startup comprada pelo Google em 2005, que virou a base tecnológica da Big Tech no Brasil] na Mapa Digital, dentro da qual nasceu a Hekima. O professor Ivan era um grande amigo e mentor. 

Entendi o quanto era importante eu ter pessoas com quem compartilhar, discutir a vivência do dia a dia e, eventualmente, encurtar caminhos. Mas principalmente, ter um espelho, como acontece na psicanálise

À medida que evoluí na minha carreira, me dei conta de que me tornava uma referência, uma inspiração para algumas pessoas ao meu redor, e elas me procuravam para um café, um bate-papo. Quando eu percebia, estava respirando o negócio junto com a pessoa. 

Eu tinha vivido dias dificílimos ao buscar investimento, em outros momentos da minha vida, então pensei que além de mentorar, eu também poderia investir.

Eu não tinha um grande dinheiro, porque era um recurso pessoal, mas sabia que esse primeiro capital, o investimento-anjo, é fundamental para as pessoas terem a chance de testar uma ideia e, se der certo, seguir adiante. 

Aí, investir se tornou uma paixão, porque obviamente que eu não fiz somente pelo retorno do capital. Não sou ingênua e não estou aqui como Madre Teresa de Calcutá; eu queria fazer parte da criação e desse primeiro incentivo real para dar o mínimo de estrutura para as pessoas desenvolverem as suas ideias 

Comecei a fazer investimento naquilo que estava mais próximo de mim – saúde feminina. Na minha família, os médicos são, na grande maioria, ginecologistas, e eu sou casada com um ginecologista especialista em fertilidade. 

Ser uma empreendedora de sucesso lhe dá percepções diferentes ao investir?

Eu te confesso que investir é para mim um desafio. As pessoas que investem costumam ter a mão fora do negócio. Talvez pela minha natureza ser a do fazer e empreender, no início, eu fui com muita sede ao pote… no sentido de participar, estar muito presente e até compartilhar muitas das coisas que eu tinha vivido. 

Em um determinado momento, entendi que também não adianta encurtar caminhos para quem empreende, porque as pessoas precisam viver. Aí, dei um passo atrás. 

Continuo a fazer os meus investimentos num ritmo um pouco menor, em função do momento do mercado, mas num papel mais de advisor. Não estou no dia a dia das operações; os empreendedores e as empreendedoras têm o estilo, a velocidade e o momento deles de aprender. 

Foi um processo de mentoria até pra mim mesma. Eu aprendi e continuo a aprender muito, porque eu não estou num lugar de sabedoria máxima. É uma troca muito grande e a decisão final jamais será minha 

É muito engraçado porque esse papel de mentora vem de encontro também com o papel de conselheira. 

Eu não tinha planejado essa trilha, fui convidada no início da pandemia para fazer parte do conselho de administração, primeiro da Omega Energia [foi membro do conselho entre 2020-22] e depois do Grupo Fleury [é membro desde maio 2021, ano em que assumiu também uma cadeira de conselheira do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral].

Conselhos são ambientes extremamente formais – pelo próprio conceito e formação deles – com regras extremamente rígidas, com uma governança muito bem estabelecida. As pessoas me chamam porque eu sou “a estranha no ninho”, a pessoa meio diferentona. Por mais que eu saiba me portar, eu sou a pessoa que vem de outro mundo.

Aí, realmente, é esse lugar de você compartilhar sua experiência, compartilhar a sua visão, que no meu caso é sempre muito diferente da grande maioria dos outros membros. 

É muito interessante, por a minha trajetória ter sido muito diversa e nada linear – eu não fui uma especialista de marketing que sempre trabalhou em agência de publicidade ou em departamento de marketing. 

Eu trabalhei em departamento de marketing, agência de publicidade, clínica de saúde [foi diretora executiva da Huntington Pró-criar entre 2010-13], tecnologia, fiz uma especialização em neurociência… acho que é isso que me habilita, hoje, a fazer conexões totalmente improváveis.

Não é um lugar fácil, primeiro porque eu sou mulher; segundo, porque eu não sou a especialista em finanças corporativas e alocação de capital. Eu sou a especialista em empreendedorismo, inovação e tecnologia, o que na grande maioria das vezes não é um assunto discutido em todas as pautas dos conselhos de administração.

Em alguns momentos, sei que causo muito desconforto, porque até a minha forma de externar o pensamento ou de fazer conexões é diferente. Tem horas que eu vejo as pessoas olhando pra mim em dúvida e, depois de um tempo, as coisas se conectam 

Mas também sei que é na diversidade – não somente de gênero –, na forma de pensar, resolver problemas e de convivências muito diferentes que os conselhos conseguirão, de fato, ajudar as organizações no processo de crescimento.

Você estruturou uma forma sua de fazer mentoria? Pergunto isso já pensando na Maisha Insights. O que você vai colocar ali?

Eu li e estudei muito sobre todas as metodologias, ideias e processos para poder desenvolver um framework “muito Rachel”. 

Em determinado momento entendi também que não adiantava ter um framework autoral fechado, sendo que cada pessoa mentorada chega com um desafio, background e expectativas muito diferentes… Em alguns processos de mentoria muito fechados que fiz ao longo da minha carreira, percebi que isso travava um pouco o desenvolvimento.

Uma das coisas que eu acredito que vem com a Maisha Insights é que não existe um início, um meio e um fim no processo de mentoria, assim como é na psicanálise. A gente faz psicanálise até o dia em que aprende o ferramental dela, porque é um processo contínuo de aprendizado e desenvolvimento. 

A gente foi e ainda é treinado a sempre ter um ponto de chegada. Só que esse ponto de chegada muda a cada momento que a gente avança 

O que eu busco desenvolver muito com os meus mentorados – e trarei pra Maisha Insights – é o processo de aprender a aprender e se autodesenvolver, para que não fiquem dependentes do outro.

É curioso ouvir uma pessoa que criou empresas, fez essas empresas crescerem e está dentro do mercado de tecnologia – que fala muito em escalar e crescer – descrever esse processo. Não parece ser possível isso ganhar escala. Parece ser o oposto do que você vivia antes, porque é um trabalho mais personalizado. Concorda?

Você está certíssima. Pela primeira vez na minha trajetória profissional, eu estou me permitindo não pensar em escala. Eu sou apaixonada por tecnologia, sou a pessoa que sempre pensa como fazer algo gerar dinheiro e valor para todas as partes, como ampliar e crescer. 

Eu entendi, depois de alguns anos empreendendo, que se a gente não tiver os pilares, as bases – que passam necessariamente por desenvolvimento de pessoas –, toda essa escala, crescimento e dinheiro gigantesco acabam se perdendo ao longo do tempo. 

Tenho dito que estamos em um ponto de inflexão, de onde a gente começa a fazer um retorno para o que algumas pessoas dizem ser esse “interior” – as questões mais profundas mesmo. 

A gente precisa voltar a ter um pensamento de mais qualidade, visão crítica sobre tudo que acontece e desenvolver aquilo em nós que é insubstituível. Porque a tecnologia muda, a escala muda, os negócios mudam. Agora, se você tem a sua essência, o seu propósito e os seus valores muito bem estabelecidos, não importa o que vem pela frente.

Digo isso porque muita gente me pergunta o que eu acho da Inteligência Artificial e da aplicação dela no ChatGPT: “Isso vai acabar com a humanidade?” Eu respondo que tenham calma, porque sempre fomos péssimos em prever o futuro das novas tecnologias 

Tem quem me diga: “Eu uso o ChatGPT, faço uma pergunta e não vem nada!”. Eu respondo: “Gente, não é isso! Vocês não entenderam nada. [O ChatGPT] Não é para você não ter de pensar”. É preciso traduzir para essas pessoas qual é o potencial e para que servem essas novas tecnologias. Vamos entender o que que está por trás de tudo isso que a gente está vivendo agora – ChatGPT e IA são a pontinha do iceberg. 

O que está realmente por trás disso tudo? O ser humano busca a simplificação… e daí que vem Maisha Insights. Não estamos dando conta de interpretar o mundo, até por não estarmos nos autodesenvolvendo com esses valores e pilares internos! 

A gente não está dando conta de assimilar a velocidade e a quantidade de informação e toda essa complexidade. E obviamente que a gente busca a tecnologia – como um meio e não um fim – para traduzir, simplificar e encurtar alguns caminhos pra que eu consiga falar assim: “Opa, entendi – próximo. Opa, entendi – próximo”. 

Só que sem esse processo de estruturação dos valores internos não vai adiantar muito. Daqui a pouco, todo mundo vai ficar é muito mais perdido, por isso que está todo mundo em pânico. 

Quando a gente vê grandes lideranças mundiais pedindo pra dar um tempo [em pesquisas com IA generativa], primeiro, eles foram pegos de calça curta. Eles mesmos estão hiper assustados com a velocidade e, provavelmente, se questionam, como jamais se questionaram anteriormente: “Pode ser que eu fique pra trás! Preciso de um tempo para dar um respiro” 

É claro que esta é uma interpretação e corro o risco de estar equivocada, mas acho que estamos buscando essa simplificação. 

E quando trago a Maisha Insights, um projeto de mentoria e outro projeto que eu chamo de expansão do conhecimento para altas lideranças é, justamente, para ajudar nesse processo de elaboração do novo mundo. Quem vai fazer são as pessoas, mas a Maisha pode ajudá-los nesse processo de digestão, para que estejam habilitadas a operar num novo mundo. 

Esse mundo é absolutamente fluido, muda o tempo inteiro. Como a gente cria essa capacidade de adaptação – de morrer, renascer… e sem ter problema? Como a gente se permite não saber? Esse é um lugar tão desconfortável! Eu me vejo nele várias vezes. Tenho dois filhos e o mais velho sempre fala: “Você já saiu da síndrome da impostora, hoje?” (risada)

Tem dias que eu acordo e penso: “O que estou fazendo? Não sei nada, será que dou conta de tudo isso a que eu estou me propondo? Será que eu sou um blefe?” Eu também me questiono o tempo todo. Mas é preciso se permitir estar nesse lugar de não saber para se reinventar. 

Quando você estava na Hekima, costumava dizer que no Brasil apenas arranhávamos a superfície de aplicações em Big Data. Hoje, além dessa tecnologia, ouve-se muito falar em Inteligência Artificial e Machine Learning… que, para 90% das pessoas, estão mais na fantasia de  de que perderemos o controle sobre as máquinas do que de fato no âmbito da lógica. Como você enxerga a Maisha Insights diante dessa dificuldade de letrar as pessoas sobre a evolução de tecnologias e levá-las para essa discussão crítica? É um salto muito grande, não?

Exatamente. Voltando um pouco… a Hekima foi fundada no final de 2008 e Big Data era um tema supernovo. Eu me lembro de meu pai falar: “O dia que eu entender o que que você faz, acho que vai estar tudo resolvido”. Ele faleceu, infelizmente, sem entender o que eu fazia.

Digo que no Brasil a gente ainda está arranhando a superfície. Quando veio toda essa história do ChatGPT e da [organização que o criou] OpenAI, fiquei superfeliz porque acho que isso tudo realmente é um grande avanço. Não é uma disrupção tecnológica, mas sim uma disrupção na velocidade e na aplicação real à qual as pessoas podem ter acesso, colocar na mão e já utilizar, incorporar na vida. 

Fiquei pensando e concluí que por falta de dinheiro, de financiamento, por estarmos num país, cuja visão sobre tecnologia e sobre investimento em tecnologia ser muito limitada, o voo da Hekima foi de galinha. Tínhamos um grupo de sócios e talentos dentro da empresa que era fabuloso, mas estávamos no Brasil sem a menor perspectiva 

Eu me lembro que pra gente poder fazer uma rodada de investimento… ninguém entendia o que a gente fazia, ninguém entendia o que era Inteligência Artificial! De repente, quase 15 anos depois, todo mundo parece entender, de uma hora pra outra, o que é IA – isso é louco. E não é assim. 

Eu fui fundadora e CEO de uma “empresa de IA raiz”, porque a Hekima não era uma empresa de saúde que utilizava IA para uma solução. Éramos a empresa contratada por todas as grandes companhias do país para pensar e desenvolver os seus projetos utilizando IA e Machine Learning.

Dada essa minha experiência sem nunca ter sido técnica – liderei uma empresa por dez anos e tive um exit de sucesso, em um momento de mercado extremamente difícil –, eu olho e penso que os grandes líderes de hoje têm os mesmos desafios que eu tive 

Outro dia, fui convidada pra pensar uma trilha de expansão do conhecimento para uma grande organização – para o presidente e os vice-presidentes. Não era um tema novo – dados voltados para negócio. 

A minha primeira pergunta foi: “Nunca houve um treinamento ou capacitação?”. Me disseram que sim, porém a alta liderança se via tímida quando colocada em um ambiente em que a grande maioria das pessoas são técnicas e sabem muito sobre novas tecnologias. Eles se sentiam acuados, e aí não participavam. Ao não participarem e não perguntarem, eles não aprenderam.

Então, a gente precisa habilitar essas lideranças – que não são novas, mas operam os grandes movimentos e as grandes organizações – a entenderem quais são os conceitos e os principais Do’s & don’ts dessas tecnologias para que eles consigam argumentar, criticar e até mesmo liderar os times.

Eu digo que a gente só sonha com aquilo que conhece. Você vê muito líder brilhante só operando num mundo de eficiência operacional, crescimento e escala, sem pensar no futuro de novas tecnologias, novas disciplinas, novos comportamentos que certamente vão modificar o que eles fazem hoje 

Pra você começar a transformar uma organização por meio de tecnologia, primeiro você precisa trabalhar a cultura… a cultura do erro, do novo e, principalmente, a cultura da colaboração, porque não é a tecnologia versus o negócio. É a tecnologia junto com negócios. 

Só times absolutamente multidisciplinares serão capazes de desenvolver essas novas soluções e processos dentro das organizações. Então, se os executivos não têm um conhecimento mínimo do que é necessário que as organizações tenham, desenvolvam ou incorporem em um curto espaço de tempo, eles não vão fazer.

Em termos de evolução do modelo de negócio, a Hekima começou como um produto – a plataforma Zahpee Monitor, surgida dentro da empresa Mapa Digital. Em cima dessa plataforma, vocês desenvolveram algoritmos cada vez mais “inteligentes” que abriram caminho para fazer mais projetos customizados. Aí chegou um momento em que você, como CEO, percebeu que dedicavam muitas horas a projetos consultivos e personalizados e não tinham um “produto de prateleira de IA”. Parece-me que, ainda hoje, projetos de IA são, por definição, personalizados, porque dependem do objetivo de cada negócio, dos dados coletados e de como se vai trabalhá-los. Em qual modelo você mais acredita hoje?

Você traduziu bem. Vamos voltar um pouco… A gente começou desenvolvendo essa primeira plataforma de coleta e monitoramento de dados de redes sociais o Zahpee Monitor, porque cansamos de fazer “na mão” esse trabalho de coleta e análise dentro da Mapa Digital.

Em 2008, fizemos o spin-off da ferramenta, que era extremamente sofisticada pra época… a gente fazia miséria com os dados de Orkut, Facebook e Twitter – as redes sociais eram abertas ainda e podíamos coletar tudo de todos. A nossa plataforma era tão poderosa que além de coletar, permitia que o analista fizesse qualquer tipo de análise. 

Quando Zahpee Monitor virou Hekima e assumi como CEO, entendi que o mercado tinha avançado, mas a gente tinha uma Ferrari para oferecer a quem comprava um Fusca. As pessoas queriam os conceitos todos mastigados – o que era alcance; quais eram os principais influenciadores. Elas não queriam poder fazer todos os cruzamentos possíveis com os dados 

Então, passamos pelo desafio de reconfigurar a plataforma. Com isso, a gente pôde fazer grandes trabalhos utilizando-a como um modelo de prestação de serviço, de entrega mais customizada. 

Trabalhamos para o governo federal na Copa do Mundo 2014. Previmos se haveria ou não manifestação; se sim, onde e com qual intensidade para orientação de uma leitura desses movimentos que se organizavam nas grandes plataformas digitais. 

Durante as eleições presidenciais daquele ano, pela primeira vez foi realizado no Brasil um trabalho espetacular para um dos candidatos que era: durante um debate político, tínhamos um time gigantesco acessando a nossa plataforma em tempo real para entender a reação das pessoas. A gente sabia que quando o candidato tal falava em educação, beneficiava candidato Y. 

Até então, o que era aplicado – e ainda é feito – eram grupos de discussão durante um debate, algo menor. A gente olhava para Internet – era um wall room com todos os dados sendo plotados nos monitores, enquanto a gente gerava inteligência e soltava relatórios para orientação da equipe política. 

No final de 2015, eu como CEO observei o seguinte: as plataformas Facebook e Twitter começaram a fechar os seus dados, porque entenderam que era uma forma de monetizar. E aí pensei que todo o negócio estava em cima de dados de terceiros, sobre os quais não tínhamos qualquer poder… então, não demoraria seis meses para morrermos 

Então, nos reunimos para literalmente jogar tudo no chão e fazer de novo. Aquela plataforma espetacular, que era uma Ferrari, precisaria morrer. Foi muito corajoso porque ela tinha tido sucesso, a gente tinha comprovado tudo. Mas era preciso reinventar. 

Naquele momento, entendi que toda tecnologia que a gente tinha desenvolvido dentro de casa, toda a inteligência e o time, poderiam ser aplicados em outras áreas de negócio. 

Começamos a experimentar aplicar IA para melhorar tomadas de decisão de negócio e fomos para um outro mundo – entender todos os processos de automação e utilização das novas tecnologias para aumento de eficiência operacional. E começamos a experimentar em várias áreas, desde projetos para marketing, logística – predição de devolução de pedidos em centros de distribuição –, até indústria – predição de falha em linhas de produção. 

Saímos de uma empresa de um único produto para uma empresa de projetos com aplicação de tecnologia, e foi um sucesso. Mas chegou novamente um momento de estrangulamento – o dia tem 24 horas, se surgia mais um cliente, precisávamos de mais gente e era sempre difícil capacitar ou contratar pessoas habilitadas para operar os projetos na mesma velocidade 

Eu me lembro de ir para Stanford, em 2016, com a minha sócia Carolina Bigonha porque tínhamos a ideia de desenvolver uma plataforma de IA End-to-end para que os nossos clientes pudessem, eles próprios, desenvolver os seus projetos – a Simplicidata. 

Já tínhamos o MVP rodando internamente e fomos para Stanford para um programa curto de 10 dias. O professor de lá nos disse: “Maravilhoso. Vocês têm toda a competência, já estão fazendo. Mas eu acho que vocês têm de fazer um recorte nesse produto, porque o mercado não está preparado para colocar a mão”.  E realmente, os nossos clientes não queriam, eles próprios, operar.

A gente voltou e pegou essa plataforma, que teoricamente deveria ser genérica – o que era difícil porque cada cliente tem um tipo de dado e ela teria de ser customizada em vários aspectos –, e passamos a utilizá-la para escalar os nossos próprios projetos. Com isso, ficou mais fácil, organizado, eficiente e produtivo o desenvolvimento dos projetos que a gente entregava 

Fizemos isso até 2018, quando tive de ir a Portugal por um mês para resolver umas questões de visto e tive um tempo pra me distanciar e ter um pouco mais de perspectiva sobre o que acontecia no mundo. 

Entendi que empresas como a Hekima, nos EUA principalmente, estavam sendo adquiridas pelas Big Techs ou por grandes organizações que queriam incorporar a tecnologia – já não queriam mais terceirizar os seus projetos – porque entenderam que tecnologia seria core.

Ao voltar, eu disse a meus sócios que precisava fazer um movimento – sair da posição de CEO, ir para o conselho para ter distanciamento e tempo para pensar o futuro da Hekima. Eu já sabia que o futuro seria ou a venda ou a fusão com uma empresa maior do que a nossa

Do jeito que a gente estava era lindo, maravilhoso, era “o diamante” do Brasil; mas muito provavelmente aquilo teria o mesmo fim da ferramenta Zahpee Monitor – de novo teríamos de morrer para renascer. 

Antes de ver a Hekima morrer, você a vendeu para o iFood, certo?

Sim. Em 2018 eu fui para o conselho. Durante dois anos, pensei o movimento da empresa. Foram vários processos de negociação, com várias empresas em diferentes setores e estilos até, com propósitos muitos diferentes. 

Fechamos e concluímos uma operação com o iFood, em janeiro de 2020, que comprou a Hekima naquele momento, justamente para incorporar a inteligência, as pessoas que lá estavam – era um time de cerca de 35 pessoas extremamente talentosas –, que se tornaram as células multiplicadoras de uma cultura de empresa de novas tecnologias dentro do iFood.

Tanto é que dois ex-sócios meus são, hoje, o diretor de Data & Analytics [Vitor Oliveira] e o diretor de Data Science [Thiago Cardoso] do iFood. Quatro continuam lá em outras posições… [Luiz Temponi é Head de Data Analytics]; Luiz Felipe Mendes é Head de Data Science iFood Discovery; Daniel Galinkin, Head de Machine Learning; e Gabriel Campos é Head de Data Scientist].

O propósito foi habilitar, dar uma acelerada internamente no iFood que já tinha lá um time. Eles não compraram a tecnologia, ao contrário. Eles compraram o conhecimento.

Então, eles não usam a Simplicidata. O iFood usa o conhecimento que toda a equipe adquiriu ao longo da construção dessa plataforma, certo?

Exatamente. Olha só que interessante, tecnologia é uma coisa viva. Não existe você desenvolver um produto, ele ficar pronto e você esquecê-lo. Não! A coisa tem de ser alimentada. É por isso que todo dia tem uma atualização de um aplicativo. Só que as pessoas não entendem isso. 

Eu, Ivan e os investidores saímos 100% e ficamos com todos os ativos tecnológicos, são propriedade nossa. Até demos saída para alguns, desenvolvendo-os, mas outros ficaram parados no tempo.

Em tecnologia é preciso aprender esse conceito de desenvolver, transitar e evoluir junto com o mundo, que hoje é muito diferente de cinco anos atrás. A tecnologia que era o estado da arte há cinco ou dez anos atrás, como a própria IA, vem sendo amadurecida e evoluída ao longo do tempo, em um moto contínuo. 

Sempre vivi no futuro. Tudo aquilo que eu pensava e concebia era sempre um pouco à frente do tempo. Foi maravilhoso, mas eu paguei um preço alto por isso. Fico pensando que talvez, se a Hekima existisse hoje, estaríamos surfando no boom da IA… Só que a gente surgiu em 2008. E quem bebe água muito limpa paga um preço muito caro 

Continuo gostando, curtindo, mas acho que sei equilibrar melhor essa minha cabeça, que está sempre um tempo à frente, com uma aplicação prática no dia de hoje. Precisei de 50 anos, que vou completar ainda… precisei da maturidade mesmo.

É lindo a gente pensar o mundo ideal. Existe o ideal e o que é possível eu fazer agora.

Você me faz pensar que teremos de desenvolver a capacidade de olhar adiante e falar: “Hoje, eu posso fazer isso com qualidade, fico satisfeito, mas já devo pensar que pode ser modificado…”

Certamente. Eu levei muito tempo para entender as minhas características, habilidades e esse meu gosto pelo futuro… não sei se é um gosto pelo futuro ou pelas possibilidades. 

Falo que a única coisa para o que não existe solução é a morte. Quando meu pai faleceu, entendi o conceito de finitude, de nunca mais. Não sendo a morte – eu talvez seja até ingênua –, acho que é possível. Talvez não seja a solução ideal, talvez seja a solução possível, mas existe sempre um novo caminho.

Então, olhar lá na frente e trazer para o valor no presente, aplicar hoje e a gente seguir nesse processo constante de evolução, isso é o que me dá alegria de viver

Já fui publicitária, já trabalhei com tecnologia, estou em conselhos, sou mentora, sou mãe, sou esposa, fiz um curso de neurociência; agora, estou fazendo um curso maravilhoso de curadoria do conhecimento para ter uma metodologia que me ajude a processar e a construir novos conhecimentos, fazer as conexões…

Tem tanta coisa maravilhosa. O que eu ainda não entendi – e pra mim é muito difícil tanto que trato na psicanálise – é: por que as pessoas têm tanta resistência em mudar com o objetivo de evoluir? 

Olha, se Freud e a neurociência não te esclareceram isso, eu não sei quem vai te explicar…!

É claro que tem uma explicação científica – o organismo tende para a homeostase, porque existe um gasto de energia muito grande. 

Mas eu parto de um lugar, de que o ser humano é inteligente, pensa, sabe o que faz bem e o que o leva pra frente. E, mesmo com toda essa informação, a gente ainda resiste… Vamos continuar na busca (risos).

Texto e imagem reproduzidos do site: projetodraft com

segunda-feira, 5 de setembro de 2022

'O PE sob a ótica de um educador', por Lygia Prudente

Artigo compartilhado do Perfil do Facebook/Lygia Prudente, de 5 de setembro de 2022

O PE sob a ótica de um educador 
Por Lygia Prudente

Andei lendo muito, ultimamente, sobre planejamento estratégico e o que se esperar dele, até porque, como pedagoga, vi-me, por duas vezes, inserida nesse contexto de planejar ações que, efetivamente, venham a ser executadas em prazo pré-determinado porque lá na frente, conforme o cronograma, as metas precisam ser batidas, ou seja, alcançadas. Acompanhei a passagem da adolescência para a fase adulta do meu filho, quando decidiu trabalhar e, ambicioso no bom sentido, como ainda é, se dispunha a todo custo, “bater metas”, a fim de galgar funções, no Crediamigo onde começou e, depois na British and American, tendo alcançado posições que o levaram à viver em Campinas/SP, aos 24 anos. Muito familiar então, a expressão “bater metas”, tal qual alcançar objetivos em educação, e o empenho que isso exigia. Pois é, anos mais tarde, a minha vez chegou e, mesmo como pedagoga, estava eu coordenando cursos de nível superior para uma empresa de fora, envolvida até o pescoço, com planejamento estratégico, numa visão bem contemporânea e perfeitamente aplicável. Seria minha primeira experiência em planejamento além do ambiente educacional e surpreendi-me, porque à medida que me embrenhava pelo traçar de estratégias eu me dava conta que não era nada diferente de um plano de aula, por exemplo, que você determina objetivos, conteúdos, ações para chegar ao resultado final em determinado espaço de tempo. No que divergia? Como tudo sofre mutações, o planejamento estratégico também passou por um enriquecimento de detalhes, preponderantes para a aplicabilidade. Agora na AMO – Associação dos Amigos da Oncologia, onde sou voluntária há seis anos, chegou novamente a oportunidade de me debruçar por sobre o planejamento estratégico e, desta feita, para atualizar o que já existia. Quero com isso enfatizar que a AMO é uma instituição que prima por ser mais a cada dia – em novembro completa 26 (vinte e seis) anos de fundação e assim, age e funciona como uma “empresa”, cujo documento norteador busca sempre se adequar ao que há de “top” no assunto, planejando com foco em ações que se coadunem numa visão sistêmica, porque nada nem ninguém funciona solto no tempo e no espaço. Assim, como um rio caudaloso vai serpenteando por entre matas e vai se “entrelaçando” com seus afluentes cujas águas se misturam e passam a ter outra textura, outra cor, outro sabor. A novidade com a qual me deparei, refere-se ao ESG, conceito que reúne políticas de meio-ambiente, responsabilidade social e governança e que, coerentemente, devem embasar o planejamento estratégico, propondo ações práticas focadas na sustentabilidade, vivenciadas amiúde no dia a dia da organização. Entendi que este embasamento nos leva à construção de um ambiente mais inclusivo, ético e sustentável que repercute positivamente na qualidade de vida dos envolvidos. A expectativa é de um futuro sustentável e resiliente. Estejamos atentos!

Texto e imagem reproduzidos do Perfl/Facebook/Lygia Prudente

terça-feira, 23 de agosto de 2022

20 Empreendedores de sucesso para se inspirar

Publicação compartilhada do site GUIA EMPREENDEDOR, de 7 de agosto de 2015

20 Empreendedores de sucesso para se inspirar

Por Adolfo Felipe Silva

Empreendedorismo

Um empreendedor de sucesso é expert em gerir e guiar um negócio ou uma empresa, além de liderar, orientar e buscar oportunidades para o crescimento do negócio e de cada funcionário que integra o empreendimento.

O tão desejado sucesso está diretamente relacionado à dedicação e à compreensão de que uma equipe bem conduzida e motivada se torna cada vez mais eficiente na busca pelo destaque no mercado.

Pensado nisso, resolvi trazer alguns dos grandes empreendedores de referência no Brasil e no mundo — pessoas que seguiram um caminho de sucesso e são exemplos para se inspirar. Continue a leitura e confira!

Motivos para empreender

O empreendedorismo é uma carreira cercada de desafios que exige persistência e dedicação. Tornar-se um grande empreendedor é um processo que requer um bom plano de negócio e a conclusão das etapas previstas no planejamento. O ato de empreender é um dos pilares do desenvolvimento social e econômico de um país, e os benefícios para quem deseja seguir este caminho vão além do sucesso profissional. Veja abaixo os principais.

Independência financeira

Os motivos para empreender são diversos, desde colocar em prática seus propósitos e sonhos a ter a tão sonhada estabilidade e independência financeira. Esse processo, apesar de ser prazeroso, é cercado de obstáculos que instigam um pensamento inovador e criativo para se destacar dos concorrentes.

Causar impacto na vida de outras pessoas

Causar um impacto positivo na vida das pessoas faz parte mundo empreendedor, já que colaboradores e clientes se tornam mais envolvidos e inspirados quando um negócio é próspero e bem-sucedido.

Resolver problemas por meio da inovação

Um bom empreendedor fatalmente enfrentará obstáculos ao longo da carreira. Porém, com um perfil ousado e inovador, ele será capaz de solucionar problemas, com criatividade e inovação, que são as chaves para se sobressair e se destacar.

Paixão pelo que faz

A paixão é o combustível para nunca desistir e parar pelo caminho. É o que motiva e faz com que aumente a dedicação do tempo e das energias, para que tudo ocorra conforme o planejado.

Qualidade de vida

O fruto de um trabalho árduo e um planejamento estratégico bem-feito é o sucesso do empreendimento no mercado, garantindo a estabilidade do negócio e a qualidade de vida de todos os envolvidos. Vários são os segmentos para se investir no empreendedorismo, o que é mais um bom motivo para se arriscar na área pela qual você tem paixão. Isso inclui o empreendedorismo digital e as tendências da atualidade, bem como os tradicionais ramos de alimentação e vestuário.

O que não faltam são opções para investir no seu sonho e trabalhar com o que você gosta. Além disso, mesmo em tempos de crise, o empreendedorismo vem crescendo consideravelmente, mostrando ser uma escolha vantajosa para o futuro. Mas, se você ainda não tem uma área específica para iniciar um empreendimento, é sempre aconselhável estudar as tendências do mercado, como o empreendedorismo digital e o empreendedorismo sustentável.

Principais características de um empreendedor

No empreendedorismo, possivelmente, você terá que lidar com incertezas e é necessário que o gestor apresente habilidades comportamentais para ter êxito em momentos instáveis. Para ser bem-sucedido no próprio negócio, é plenamente possível desenvolver comportamentos e aptidões, como as que você vê a seguir.

Persistência

Os resultados nem sempre vão sair como o planejado, logo, nesse momento é preciso que o empreendedor seja perseverante e tenha autoconfiança, afinal é errando que se ganha experiência.

Coragem

Ter iniciativa para colocar os planos em prática, mesmo em momentos de adversidades é fundamental. Muitas pessoas têm boas ideias, mas esbarram na falta de coragem e muitas vezes deixam de realizar grandes conquistas.

Comunicação e influência

Um bom empreendedor deve saber se comunicar de maneira adequada com clientes e funcionários. Uma boa comunicação cria base para as grandes parcerias e aumenta o poder de influência no mercado.

Autoconfiança

Desistir nas primeiras dificuldades não faz parte das características de nenhum dos empreendedores de sucesso, principalmente nos primeiros anos da empresa onde ocorre maior parte das dificuldades — confiar no feeling faz parte da essência nata de um grande empreendedor.

Liderança

Além de conhecimento do negócio é essencial que um empreendedor exerça bem a liderança — saber delegar funções, negociar e conduzir os projetos de forma colaborativa e participativa. Deve ter a capacidade de estimular todos os envolvidos e fazer prosperar as ideias sem, contudo, perder o controle da situação, pois, a tomada de decisão sempre estará em suas mãos.

Inteligência estratégica

Inteligência estratégica é uma característica imprescindível para tornar um negócio lucrativo. Planejar e estabelecer metas para um crescimento sólido é a base do desenvolvimento e da rentabilidade em qualquer negócio.

Resiliência

Capacidade de encarar os obstáculos e superá-los, resistindo a pressões e situações adversas são atributos que um empreendedor deve ter. A capacidade de contornar e vencer os problemas promove um crescimento saudável, pessoal e profissional.

Capacidade de Planejamento

Crescer conforme as metas traçadas e monitorar as informações do negócio perfaz a capacidade de planejamento do empreendedor. O domínio de ferramentas e dos conceitos básicos para a gestão garantem a trajetória transparente do negócio.

Visão de futuro

O objetivo de todo empreendedor é ter um empreendimento escalável, que pode ampliar sua produção atingindo mais clientes sem aumentar o investimento. Para tanto é preciso ter visão de futuro e tomar como lição os erros cometidos durante o processo.

Aprendizagem contínua

Antes do sucesso e de negócios geniais, grandes empreendedores cometeram erros e muitas vezes receberam o não como resposta. Aprender continuamente com os erros e se levantar depois de um tropeço é o que pode garantir uma virada na situação.

ebook Guia gestao de vendas b2c

10 empreendedores de sucesso no mundo

É motivador ler sobre histórias promissoras de pessoas que conseguiram alcançar o patamar mais alto do sucesso. Confira 10 exemplos de empreendedores de sucesso no mundo!

1. Steve Jobs

Empreendedor de Sucesso : Steve Jobs | Apple

O empresário norte-americano, natural de São Francisco na Califórnia, é fundador da gigante Apple. Criou o iPhone, iPad e o iPod, revolucionando a indústria de computadores pessoais, telefones celulares e animações. Grande parte da consistente história da Apple se deve ao perfil empreendedor de Steve Jobs. Graças à parceria com Steve Wozniak, em 1976, os dois jovens deram os primeiros passos para entrar em um mercado dominado por gigantes como Atari e IBM.

Steve Jobs, falecido em 5 de outubro de 2011, nos deixou valiosas lições que são inspiração para empreendedores de todos os setores da economia — exemplos para uma carreira de sucesso. Pensar com a cabeça do cliente talvez seja um dos mais importantes pontos da carreira de Steve Jobs que, ao elaborar um produto sempre imaginava como o usuário seria beneficiado. Apesar das diversas dificuldades encontradas, Jobs sempre surpreendia com uma inovação.

2. Walt Disney

Empreendedor de Sucesso: Walt Disney | Walt Disney

Um dos maiores gênios da história do empreendedorismo, Walt Disney tinha uma característica muito cobiçada — a capacidade de dar asas à imaginação. O lucro, com certeza, era muito importante, mas a paixão pelo que fazia era a principal motivação. Walt Disney acreditava que a melhor forma de motivar as pessoas era dar a elas algo em que acreditar e com isso deixou grandes lições sobre persistência e determinação.

3. Larry Page

Empreendedor de Sucesso: Larry Page | Google

Larry Page é um empresário norte-americano, fundador da gigante tecnológica Google. Apaixonado por computadores desde os 6 anos de idade, aos 12 sabia que ia fundar sua própria companhia. Apesar das dificuldades, sempre acreditou no seu projeto que se tornou uma das marcas mais valiosas do mundo — todos os seus subprodutos, como o YouTube, Gmail e Android também alcançaram um sucesso surpreendente.

Junto a Sergey Brin ganhou notoriedade mundial e fez fortuna ao revolucionar a forma de busca na internet. O crescimento estratégico do Google se deu pela visão empreendedora de seus gestores com aquisições estratégicas de empresas de hardware e software.

4. Bill Gates

Empreendedor de Sucesso: Bill Gates | Microsoft

Nascido em Seattle, nos EUA, Bill Gates se tornou um dos mais bem-sucedidos empreendedores de todo o mundo ao fundar, ainda bem jovem, a Microsoft, que é um das mais importantes empresas de software do planeta. Graças ao seu pioneirismo e visão de negócio, sua fortuna está hoje avaliada em aproximadamente 50 milhões de dólares, porém, isso jamais o tornou indiferente às causas sociais.

Bill Gates é financiador e patrocinador de diversas ações em prol dos direitos humanos. É possível acompanhar tanto o trabalho, quanto o ativismo de Bill Gates em seu site e Twitter.

5. Mark Zuckerberg

Empreendedor de Sucesso: Mark Zuckemberg | Facebook

O idealizador e fundador da rede social mais importante da atualidade, o Facebook, tem o sucesso profissional atribuído a um fator essencial: dedicação. Que foi inclusive contada no cinema e não a toa alcançou o mais alto patamar da sua carreira.

Persistente, ele fez do trabalho sua vida e transformou sua empresa em um dos melhores lugares para se trabalhar e construir uma carreira promissora. Em seu perfil, Mark fala sobre seu trabalho e sobre o que acontece na rede, permitindo que o usuário acompanhe todas as novidades que surgem.

6. Jeff Bezos

Empreendedor de Sucesso: Jeff Bezos | Amazon

Jeff Bezos é um empresário estadunidense, fundador, presidente e CEO da Amazon, importante empresa de comércio eletrônico nos EUA. Como muitos empreendedores de sucesso, começou do zero ao deixar um emprego em uma famosa empresa em Wall Street.

Sua carreira é pautada em visão e inovação, com pensamento sempre em longo prazo e foco no cliente. Com isso, o empresário americano traçou uma trajetória promissora no empreendedorismo.

O fundador da Amazon disse “Nós somos teimosos em visão, mas somos flexíveis em detalhes. Se você não for teimoso, acabará desistindo das experiências muito cedo. E se você não for flexível acabará por bater a cabeça na parede e não vai encontrar uma solução diferente para um problema”.

7. Reed Hasting

Empreendedor de Sucesso: Reed Hastings | Netflix

Wilmot Reed Hastings é fundador e CEO da Netflix, uma empresa que mudou o entretenimento e um dos projetos mais bem aceitos do mundo. Junto a Marc Randolph, sócio e cocriador, os visionários empreendedores iniciaram em 1997 um projeto inovador que revolucionou a forma de assistir filmes.

Com forte base no marketing inteligente — escolha de um nicho específico no mercado (que facilita a escolha da marca pelos consumidores) e também na cultura participativa (que incentiva os funcionários a pensar sempre na melhoria contínua) — a empresa segue em um caminho de sucesso.

8. Elon Musk

Empreendedor de Sucesso: Elon Musk | Tesla Motors

Elon Reeve Musk é um empreendedor visionário, fundador da SpaceX, CEO da Tesla Motors e outras empresas de sucesso. Considerado um dos empreendedores com maior potencial para mudar o mundo. As lições para o empreendedorismo são muito úteis, como mudar a estratégia e nunca o objetivo, sempre se preparar para enfrentar problemas, trabalhar duro mesmo quando já tiver alcançado o sucesso.

9. Daniel Ek

Empreendedor de Sucesso: Daniel Ek | Spotify

Daniel Ek é um empreendedor sueco, cofundador da empresa de streaming de música Spotify. O jovem empresário de 36 anos iniciou cedo sua carreira criando sites para clientes e transformou um sonho de adolescente em um negócio que gera milhões. Exemplo de empreendedorismo moderno e eficiente foi nomeado como a pessoa mais influente na indústria musical pela Billboard. Um grande exemplo para seguir e se inspirar.

10. Jack Ma

Empreendedor de Sucesso: Jack Ma | Alibaba Group

Jack MA é um empreendedor de sucesso chinês, fundador e presidente da Alibaba Group, um conglomerado multinacional de tecnologia. Mesmo com as adversidades criou a maior rede de e-commerce do mundo. Com uma trajetória de conquistas, o empresário afirma que é preciso dedicação, tempo e esforço para estabelecer um negócio bem-sucedido, além de planejamento, raciocínio cautelar e amor pelo que faz.

Muito solicitado para palestras, o empresário traz muitas dicas e orientações importantes para quem quer seguir carreira no empreendedorismo. Experiências adquiridas em uma sólida carreira de muita dedicação e planejamento.

10 empreendedores de sucesso no Brasil

O Brasil é um país repleto de grandes empreendedores que construíram carreiras sólidas. Apesar dos períodos de crise, o mercado brasileiro é um excelente campo para investimentos. Confira 10 histórias de sucesso no Brasil!

1. Paulo Lehmann

Empreendedor de Sucess: Paulo Lemann | AB Inbev

Paulo Lemann é um economista e empresário considerado um dos mais bem-sucedidos do Brasil. Com uma trajetória estelar é dono, acionista e sócio de diferentes grupos e companhias, dentre as principais estão a Ambev, Burger King e Kraft Heinz.

Natural do Rio de Janeiro, filho de pai suíço e mãe brasileira Jorge Paulo Lemann demonstrou sua tendência empreendedora desde muito cedo quando adquiriu uma pequena corretora de valores que posteriormente se tornou um banco investidor em diversos setores. No decorrer de sua trajetória o empresário não fez só uma fortuna, mas acumulou muito conhecimento sobre o mundo empresarial em anos de experiência. Com certeza é uma grande referência dentro do empreendedorismo.

2. Sílvio Santos

Empreendedor de Sucesso: Sílvio Santos | SBT

Um dos nomes mais populares e queridos do país, Sílvio Santos é mais um exemplo de empreendedores que começaram do zero. Com 60 anos de trajetória, o grupo Sílvio Santos é composto por 34 empresas dos diversos setores, dentre elas nomes fortes como a SBT – Sistema Brasileiro de televisão e a Jequiti Cosméticos.

De vendedor ambulante a multiempresário, Sílvio Santos tem um perfil empreendedor claro, pautado em esforço e determinação, fruto de uma batalha contundente para alcançar o topo do sucesso. Um exemplo inspirador!

3. Abílio Diniz

Empreendedor de Sucesso: Abílio Diniz | BRF

Admirado no meio empreendedor pela sua capacidade de enfrentar problemas com humildade e tolerância, Abílio Diniz tem em sua trajetória profissional a passagem pelo Conselho do Grupo Pão de Açúcar, no qual atuou durante anos. É o atual presidente do Conselho de Administração da BRF, uma das maiores companhias de alimentos do mundo.

Como todo empreendedor de sucesso passou grandes dificuldades nos anos 80 e 90, porém, como gestor persistente e ávido se recuperou e adquiriu grandes empresas nacionais e é um dos principais acionistas do Carrefour. Além do seu site, Abílio frequentemente fala sobre como empreender e crescer profissionalmente em seu Twitter e em sua página no Facebook.

4. Flávio Augusto

Empreendedor de Sucesso: Flávio Augusto | Wiser

O também carioca Flávio Augusto da Silva é um dos empreendedores de sucesso mais admirados do Brasil. Apesar de não dominar a língua inglesa, fundou a escola de inglês Wise Up. Conhecido pela habilidade incrível de conectar o cliente ao produto conseguiu atrair vários estudantes para a inauguração da escola, iniciando uma carreira admirável.

Considerado um exemplo por jovens empreendedores, Flávio Augusto da Silva fundamentou a carreira em visão, coragem e competência — elementos essenciais para o êxito no empreendedorismo.

5. Luiza Helena Trajano

Empreendedora de Sucesso: Luiza Helena Trajano | Magazine Luiza

Fundadora do Magazine Luiza e uma das mais importantes representantes do comércio brasileiro, Luiza Helena Trajano solidificou com sucesso o nome de sua empresa em um ramo altamente competitivo. Luiza ganhou notoriedade por ser inovadora, moderna e manter a proximidade de clientes e funcionários. É pioneira na criação de lojas virtuais para facilitar o acesso e as compras dos consumidores.

Com a humildade e poder de decisão característicos, ela afirma que “começamos a solucionar nossos problemas quando resolvemos parar de reclamar”. Em seu Twitter, você encontra muito mais sobre ela e seus planos.

6. Antônio Luiz Seabra

Empreendedor de Sucesso: Antônio Luiz Seabra | Natura

Empresário fundador da Natura — empresa do ramo de cosméticos considerada uma das maiores do país — iniciou a carreira aos 15 anos em uma multinacional e logo depois entrou para um pequeno laboratório, onde a Natura nasceu. Durante uma longa trajetória no empreendedorismo sempre destacou a preservação e consciência ambiental que é transmitida aos produtos e acabou conquistando os clientes.

7. Robinson Shiba

Empreendedor de Sucesso: Robinson Shiba | China in Box

Robinson Shiba é um empresário paranaense e um grande modelo do empreendedorismo nacional. Fundador da rede de fast food China in Box, líder no setor de delivery. Uma das características mais relevantes foi enxergar além do seu tempo e perceber que as oportunidades são determinantes para o sucesso ou fracasso de um empreendimento — tudo depende de saber aproveitar.

8. Ariel Lambrecht

Empreendedor de Sucesso: Ariel Lambrecht | 99

O fundador da Yellow e da 99 é empreendedor por natureza. Começou no mundo dos negócios com uma rede social acadêmica e após uma viagem à Europa percebeu que as pessoas chamavam táxi pelo aplicativo e decidiu fazer algo parecido no Brasil, o que deu vida à 99. Visionário e inovador fundou, junto com sócios também a Yellow que revolucionou a paisagem urbana das metrópoles brasileiras com o aluguel de bicicletas e caiu nas graças dos usuários e tornando – se um fenômeno empresarial.

9. Cristina Boner

Empreendedora de Sucesso: Cristina Boner | Globalweb

Empreendedora do ramo de tecnologia, Cristina Boner teve seu primeiro contato com o mundo dos negócios ainda criança ajudando a tomar conta da padaria da família. Aos 30 anos já era professora universitária e teve seu primeiro contato com o Windows. Foi visionária e vislumbrou a empresa que criaria pouco tempo depois como a primeira revendedora do sistema no Brasil.

Com características latentes de autoconfiança, foco, persistência e visão, Cristina Boner superou as dificuldades, chamou atenção e conseguiu se reunir com o então homem mais rico do mundo, Bill Gates. Atualmente está à frente de cerca de oito negócios que empregam muitas pessoas. Fundadora da Globalweb viu a possibilidade, se arriscou e se tornou uma das grandes empreendedoras do país.

10. Felipe Ramos Fioravante

Empreendedor de Sucesso: Felipe Ramos Fioravante | Ifood

Um dos criadores e CEO do iFood, uma empresa de Marketplace online de entrega de comidas, Felipe Ramos Fioravante é exemplo de empreendedorismo moderno e sua empresa se tornou líder brasileiro de delivery online. Com uma visão inovadora e visionária percebeu que a tendência do mercado brasileiro era buscar facilidades na hora de comprar comida e logo caiu nas graças do público brasileiro.

Exemplo do empreendedorismo de dedicação e persistência que explorou um nicho que está em crescente expansão e é tendência dos tempos modernos (o mercado e-commerce) alcançou um patamar de sucesso nacional. Hoje a cada 4 pedidos de comida pela internet 3 são pela plataforma iFood.

Como você pode perceber são diversas as personalidades do mundo do empreendedorismo e muitas experiências a compartilhar. Para quem deseja montar seu próprio negócio é muito motivador buscar inspiração em cases de sucesso.

Minha dica de hoje é que você comece a acompanhar de perto o trabalho de cada um desses visionários que apresentei. Ao fazer isso, você poderá se inspirar e aprender lições importantes para levar sua empresa pelo caminho do êxito.

Empreendedores de sucesso são aqueles que, antes de tudo, trabalham com proatividade e que, assim como os que citei há pouco, buscam trazer soluções inovadoras e criativas para um mercado cada vez mais saturado e competitivo. Não espere pelas melhores oportunidades, vá de encontro a elas.

Quer ficar bem informado e saber tudo do mundo do empreendedorismo? Assine minha newsletter e receba informações regularmente! Esteja por dentro de todas as novidades e dicas importantíssimas para construir uma carreia de sucesso!

Adolfo Felipe Silva - O Adolfo Felipe tem 23 anos, e 6 deles são de experiência com marketing e vendas. Atualmente faz parte do time de Marketing no Guia Empreendedor, onde é responsável pela estratégia de inbound marketing. Tem experiência em diversos segmentos como varejo, educação e tecnologia.

Texto e imagem reproduzidos do site:guiaempreendedor.com

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

'Senti que não podia errar', diz 1ª executiva trans do Brasil

Legenda da foto: Danielle Torres, 1ª executiva trans de grande empresa no país - (Crédito da foto: Reprodução/CNN)

Publicação compartilhada do site QUEER IG, de 23 de julho de 2022 

'Senti que não podia errar', diz 1ª executiva trans do Brasil

Danielle Torres, sócia-diretora da KPMG, lança autobiografia sobre os percalços e avanços da diversidade no mundo corporativo

Por Agência O Globo

Quando decidiu contar à empresa que se reconhecia como mulher trans, Danielle Torres, de 39 anos, foi para a conversa preparada para pedir demissão. Afinal, por muitos anos, tinha sido “o Torres”, diretor bem-sucedido de uma multinacional de Finanças. Achava que com a afirmação de gênero não teria mais espaço. Para sua surpresa, o que aconteceu foge às estatísticas mais comuns.

Não só foi acolhida, como depois, “sem ter que gastar mais tempo sendo outra pessoa”, redirecionou energia para a carreira e foi promovida a sócia-diretora da KPMG. A boa receptividade, porém, não significa que a trajetória foi fácil. Apesar do apoio da liderança, colegas e clientes precisaram de tempo para entender as mudanças.

E ela também. Sete anos depois, Danielle diz que as diferenças na vida profissional são visíveis, assim como os avanços em diversidade no mundo corporativo em geral. Mas, nos ambientes em que circula, continua sendo a única mulher transgênero em um cargo de alta gestão.

A história da carreira e dos percalços e conquistas também na vida pessoal se unem em “Sou Danielle: como me tornei a primeira executiva trans do Brasil”, uma autobiografia que será lançada pela Editora Planeta no dia 1º.

"É uma história para mulheres, em especial trans, que mostra que existe uma possibilidade, mesmo quando parece que não", diz em entrevista ao GLOBO em São Paulo, onde mora com a esposa, Ayana.

Por que não vemos pessoas trans em cargos executivos?

A exclusão trans começa antes, na evasão escolar. O mercado de trabalho é a consequência. A quantidade de pessoas trans que deixam a escola e não chegam à universidade é enorme. Muitas são expulsas de casa. Como é que uma pessoa sem referência familiar ou de estudo vai chegar no mercado de trabalho? E as que chegam encaram ali a transfobia “tradicional”. 

Fora a síndrome de impostora, que afeta mulheres em geral, e com as trans não é diferente. Parece que você não tem legitimidade, mesmo sendo extremamente qualificada no que faz.

Você já tinha um posto de direção quando fez a afirmação de gênero. Como soube que era o momento de falar sobre isso?

Não houve um momento, foi um conjunto de percepções. Tive a infância e a adolescência que foram possíveis nos anos 80, 90. Achava que eu que era errada. Desenvolvi bulimia, anorexia. Como exerci um pouco do meu gênero? Com o rock. Androgenia. Via David Bowie, Fred Mercury e pensava: “Sou roqueiro”. Acreditei nessa história. Quando entrei no mercado de trabalho, comecei a ter uma cobrança muito clara do mercado financeiro tradicional de que precisava “virar homem”.

Cortei o cabelo, tinha pelos faciais, o feedback era positivo. Mas fui me tornando uma pessoa irreconhecível. Desenvolvi síndrome do pânico. Fui para a psicoterapia com a tarefa de resgatar aquela pessoa que, por alguns momentos da infância e da adolescência, eu tinha sido. Não houve uma transição de fato. A transição foi quando eu tive que ser “o Torres”. A Danielle é o resgate. 

Tem gente que diz que esperei o momento de ser bem-sucedida para falar com a empresa. Mas não tive controle. Eu adoeci. E falei quando tinha força emocional para perceber que o mais importante era ser quem eu sou.

E como foi a reação na empresa?

Nem na minha concepção mais otimista eu imaginava que o lugar que eu trabalhava, de uma das áreas tidas como mais conservadoras, iria me apoiar. Mas o que ouvi do meu líder na época foi: “Não faça nenhuma besteira”. E eu, que tinha ido para a conversa pensando que ia ter que pedir demissão, me surpreendi. Ao mesmo tempo, tive que lidar com o fato de ser a primeira. Senti que não podia errar.

Aos poucos foram feitas comunicações na empresa. Houve estranhamentos, claro. A transfobia é estrutural, e o ambiente de trabalho é um reflexo da sociedade. Mas percebi que tinha que dar tempo para as pessoas se acostumarem. O mais delicado de uma transição não é você, é o outro. E eu também precisava de tempo para me despedir do Torres. Ele nunca foi pleno, mas era um cara legal. Ficou aí por dez anos.

O que mudou depois?

Imagina a energia que me consumia manter o Torres em pé. Quando desliguei ele da minha vida, quando todo mundo já sabia quem eu era, pude me dedicar muito mais à minha carreira. Construí outra carreira. Fui para Nova York, assumi o cargo atual. As pessoas começaram a ver verdade em mim. E aprendi a lidar com o machismo. Não quer dizer que eu aceito. Dói. Mas parei de ter conflito com isso.

Quantas Danielles você conhece?

Hoje, em muitas organizações, ter profissionais trans não é mais uma novidade. Há gerentes, executivas bem posicionadas. O cenário está melhorando. Mas ainda não conheci outras na mesma posição que eu. A sensação é que entramos em um jogo que já começa 7 a 1. E como profissionais, as pessoas querem ser reconhecidas pelas competências. Mas tem gente focada demais na diferença. Espero um dia ver a primeira mulher trans CEO. É difícil? Muito. Mas é possível.

Programas de contratação voltados especificamente para esse público são positivos?

Não sou especialista em seleção. Mas o que vejo na vaga afirmativa é o reconhecimento de que não existe uma competição igualitária. É reconhecer que uma pessoa trans vai chegar numa organização para entrevista e talvez não passe nem da portaria. Ainda mais se os documentos estiverem diferentes. Talvez ela entre e vai falar com um chefe abertamente transfóbico. Nesse aspecto, parece algo positivo.

O que diria para empresas que querem ser mais diversas e para profissionais trans que não tiveram a mesma acolhida que você no mercado?

As empresas precisam reconhecer as falhas. Às vezes vai ser necessário contratar um consultor de diversidade. Mas não precisa transformar isso numa ciência de foguete. Tem que descomplicar. Senão vira pretexto para nunca fazer. Para profissionais trans, existe por exemplo a Feira DiverS/A, que tem um banco de empresas. Parece incongruente dizer isso em meio a uma exclusão tão grande, mas é preciso também escolher lugares que tenham a diversidade como valor.

Ao mesmo tempo, é uma responsabilidade que precisa ser social. Não dá para jogar só para o indivíduo. Precisamos de uma esperança ativa. A esperança da melhoria, e contribuir ativamente por ela.

Texto e imagem reproduzidos do site: queer.ig.com.br