segunda-feira, 27 de abril de 2020

Desmistificando o senso de dono

KUPRITZ VIA GETTY IMAGES

Publicado originalmente no site HUFF POST BRASIL, em 27 de abril de 2020

Desmistificando o senso de dono

Vamos falar sobre uma habilidade cada vez mais demandada pelas empresas e cujo significado muitos funcionários não entendem.

Por Maria Eduarda Silveira *

Afinal, como um funcionário pode desenvolver o famoso "senso de dono", se ele não é dono do negócio?!

Há algum tempo esta característica vem sendo citada pelos recrutadores como habilidade fundamental para se destacar na carreira: ter senso de dono. A verdade é que nem sempre é fácil descrever o que é isso e, principalmente, trazer isso para a realidade de quem é colaborador (funcionário) e não efetivamente “dono do negócio”.

Acho que esse é um assunto ainda mais importante neste novo contexto de trabalho remoto — em como manter a produtividade, a organização e a saúde mental. Muitas perguntas sobre as boas práticas do famoso home office vieram à tona. Tudo isso porque do dia para a noite tivemos que nos adaptar a uma nova forma de gerenciar nosso trabalho.

Foi justamente durante essa reflexão sobre o home office que me dei conta de que adaptabilidade e autorresponsabilidade eram palavras-chave para este momento. Logo na sequência, percebi que essas duas palavras refletiam o que significa o tal senso de dono!

Podemos oferecer milhões de dicas de um home office produtivo, como montar agenda, criar rotina, fazer acordos com os filhos, fazer reunião por vídeo, entre outras. Porém, nada funcionará de verdade, se o profissional não optar por seguir aquilo que funciona para ele. Estamos em uma fase que podemos nos programar, mas, se não tivermos autorresponsabilidade, nosso trabalho pode ficar parado, nossa agenda pode não se cumprir... Afinal, quem está ali do nosso lado para nos cobrar? Quem está te “avaliando” em tempo real? Ninguém!

Líderes tiveram, obrigatoriamente, que confiar em suas equipes e, por mais que acreditem que estão “tendo controle”, a grande verdade é que não estão! O melhor disso tudo? Todos estamos aprendendo com isso.

Ter senso de dono é ter autorresponsabilidade, é dar o melhor de si independentemente de quem está vendo ou nos cobrando. É ter autoconhecimento para detectar o que funciona ou não para você, para sua equipe e, a partir disso, ser flexível e adaptável para criar soluções criativas, para se reinventar quando for necessário. É pensar que, apesar da dificuldade, aprender com erros e se tornar resiliente é um baita diferencial para qualquer mercado.

Quer mais adaptabilidade e resiliência do que está quarentena está nos demandando?! Esta é uma fase de reflexão, de entendermos que as expressões do mundo corporativo podem até parecer complexas, mas que na verdade, elas apenas refletem em comprometimento e resiliência. Que, embora sua experiência de trabalho e seus cursos acadêmicos ainda tenham muita força para a sua empregabilidade, eles não são suficientes se você não tiver essas competências que enfrentam crises, que acalmam equipes e que motivam pessoas a seguirem em frente mesmo na dificuldade.

Então, da próxima vez que você ouvir a expressão “senso de dono”, reflita na sua quarentena e em como você enfrentou e ajudou pessoas a enfrentar dificuldades, em como você se reinventou e teve autorresponsabilidade em seus projetos.

Ah, e sobre ganhar como o dono? Sobre Isso, infelizmente, não temos controle! Mas o que estamos adquirindo para nós e para nossas carreiras, honestamente, não tem preço!

* Headhunter inconformada e criadora do blog 'Carreira Orgânica'

Artigo publicado originalmente no blog Carreira Orgânica

Texto e imagem reproduzidos do site: huffpostbrasil.com

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