Rufino com os filhos na sede da JR Diesel.
Publicado originalmente no site do ESTADÃO, em 29 Abril
2014.
Empresário criou primeiro negócio aos 11 anos na comunidade
onde morava.
Cris Olivette.
O talento empreendedor pode ser desenvolvido, mas em alguns
casos é um dom natural. A história do fundador da JR Diesel, Geraldo Rufino,
não deixa dúvidas. Aos 55 anos, comanda 150 pessoas e fechou 2013 faturando R$
50 milhões.
“Arrumei um jeito de ganhar dinheiro aos 11 anos. Pegava
latinhas em um aterro instalado perto da Favela do Sapé (na zona oeste de São
Paulo), onde morava com meu pai e irmãos. ” O dinheiro da venda de latinhas foi
investido na criação de um campo de futebol na comunidade. “Pedi autorização à
Prefeitura para montar o campo em um terreno que havia no local. Comprei
traves, uniformes e passei a administrar a locação do espaço e dos uniformes.“
O faro empreendedor, não parou por aí. “Construí uma frota
de carrinhos de madeira, que alugava para outros meninos fazerem carreto nas
feiras. ” Ao ser contratado para trabalhar no Playcenter, Rufino tinha 14 anos
e já havia comprado um Fusca. “Certo ou errado, meus negócios tinham rendido o
suficiente para comprar o carro. “
No Playcenter, trabalhou durante 15 anos, começando como
office boy. “Meus chefes me fizeram voltar à escola. Cheguei a entrar na
faculdade, mas trabalhava 16 horas de segunda a domingo e tive de optar. Como
já era apaixonado por ganhar dinheiro, parei de estudar. “
Enquanto trabalhava no Playcenter, Rufino pensava em criar
um pequeno negócio para ter a sensação de segurança. “Resolvi comprar uma Kombi
e dar para meus irmãos fazerem carretos. Com o tempo, dei um caminhão para cada
um. Por ironia do destino, eles se envolveram, simultaneamente, em um acidente.
Era hora de recomeçar e criei um novo negócio. “
Aproveitando as partes que sobraram dos dois caminhões,
Rufino criou uma empresa para reciclar veículos desse tipo envolvidos em
acidentes e comercializar suas peças. “O negócio engrenou, meus irmãos se
empolgaram com o dinheiro e perderam o foco. Compraram sítio, gado, e acabaram
quebrando a empresa, que estava em meu nome. “
Para saldar as dívidas e limpar o nome, Rufino deixou,
temporariamente, o Playcenter para reorganizar a empresa. “Feito isso, não tive
coragem de vender o negócio e demitir seis funcionários. Acabei conciliando as
duas atividades, até ficar totalmente envolvido e ter de deixar o emprego. “
Em 1987, aos 29 anos, Rufino deixou o cargo de diretor das
Playlands instaladas em todo o Brasil, e começou a fazer uma coisa diferenciada
em sua empresa. “Apesar de todos acharem um absurdo desmontar um caminhão
Mercedes, eu acreditava que desmanchar coisas de qualidade era uma forma de
atingir empresas mais estruturadas, que poderiam dar sustentação ao negócio. “
Mais uma vez estava certo. Ele conta que um caminhão com 10
anos de uso é considerado novo. “Nossa média para desmontar um caminhão são
seis anos e o limite são 15 anos. Só compramos de pessoa jurídica porque o
segmento é delicado, não podemos correr riscos. “
Texto e imagem reproduzidos do site: economia.estadao.com.br
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